Oportunidades – Empreendedorismo na prática: negócios criados por estudantes

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O mundo atual, marcado pela globalização, crise e competitividade, exige rapidez na tomada de decisões, inovação, criatividade e também transformação nas características dos profissionais e empresários. Essa conjuntura traz a necessidade de uma nova visão e perfil de um empreendedor. A universidade é um local que propicia o fomento e o desenvolvimento de tais qualidades e habilidade,  nela se realiza a maioria das pesquisas no páis, onde pipocam ideias e o conhecimento, que, além de transmitido, é produzido nele. A academia  já notou a relevância do empreendedorismo e passou a disponibilizar essa disciplina em alguns cursos. No caso da UEM, os cursos presenciais de graduação de Economia, em Administração, Engenharia Civil e Engenharia de Produção trazem a matéria em seus currículos, assim como o curso EAD em Administração Pública.

A diretora de Ensino de Graduação da UEM, Solange Franci Raimundo Yaegashi, comenta que tem acompanhado o movimento nas universidades em função da globalização, das novas tecnologias, das mudanças sociais que vêm acontecendo, do incremento de parcerias com empresas e indústrias, para que os alunos possam sair com uma formação bem mais apropriada às demandas do mercado. Para a professora, além da disciplina de empreendedorismo em alguns cursos de graduação, os estágios obrigatório e não-obrigatório e a participação em grupos PET (Programa Especial de Treinamento) e em empresas de consultoria júnior são ferramentas que dão experiência aos acadêmicos com o universo das pesquisas e/ou com mercado profissional, assim como o programa de mobilidade acadêmica. Nesse sentido, a intenção é ampliar as oportunidades e também as discussões entre os colegiados de cursos para que os projetos pedagógicos dos cursos sejam flexíveis e permitam a promoção dessas vivências. Estão sendo agendadas visitas a grandes empresas e indústrias em busca de novas parcerias a fim de ampliar abertura de vagas para estágios. Cita ainda que os eventos, como semanas acadêmicas, também vêm privilegiando o tema. Outra ação demandada pelos alunos de regulamentação das empresas juniores deve receber atenção da administração, segundo Yaegashi.

Empreendedorismo – Para o assessor de Inovação Tecnológica da UEM, Marcelo Farid Pereira, as universidades formam profissionais qualificados para trabalharem em empresas e serem bons professores, mas precisam também possibilitar que eles se tornem empresários. Comenta que o empreendedorismo já está sendo difundido na graduação de maneira informal, mesmo sem uma estrutura mais organizada dentro da Universidade. Os alunos já vêm participando de formação de processo de PITs (modelo de negócio) e de outros sistemas de estruturação de negócios, desenvolvendo e estruturando negócios, competindo em concursos de startups, procurando a Incubadora Tecnológica. Dentro da I Feitech (Feira de Inovação Tecnológica de Maringá), promovida pela UEM, em 2013, em parceria com a Incubadora Tecnológica de Maringá e com empresas juniores da UEM, foi realizado o primeiro concurso de startup de Maringá, e das três melhores, duas fazem parte do rol de empresas da Incubadora hoje e já estão contratando.

“O que temos que fazer é começar a montar processos, sistemas, para fomentar o empreendedorismo e que isso ocorra de forma mais organizada, vire programas e se torne cultura dentro da UEM. A intenção é difundir mais essas possibilidades dentro dos grupos. O PET (Programa Especial de Treinamento), por exemplo, é um grupo interessante para se trabalhar porque ele já lida com pesquisas e podemos ajudar a fomentar o empreendedorismo. Outro fator favorável é que os grupos já atuam em conjunto com várias áreas do conhecimento. Podemos interagir com esses grupos e começar a desenvolver programas que vão facilitar aos alunos que montem seus negócios na graduação”. Já as empresas juniores, segundo Farid, trabalham com um tipo de prestação de serviços. Elas têm uma estrutura de negócios montada, que pode vir ou não a se tornar uma inovação. Essas empresas podem vir a fomentar e se estruturar de forma que, além de prestarem serviços, criem startups por meio das oportunidades que surgem”.

A montagem e a estruturação de negócios é um assunto complexo, por esse motivo, não podem envolver somente a Universidade. Devem agregar também o governo e a sociedade. Essa parceria já existe, mas precisa ser intensificada. Para Farid, uma opção para fomentar essa relação, seria a criação de uma aceleradora (que oferece apoio financeiro, consultoria, treinamento a startups durante um período, em troca de participação acionária, segundo definição da Wikipédia), um passo anterior ou posterior à Incubadora Tecnológica, dependendo do caso. “Também seria importante promover a criação de concursos de startups. Por exemplo, de 100 projetos, dois ou mais poderiam se transformar em empresas, assim, a semente do empreendedorismo seria plantada em 100 grupos que podem difundi-la para toda a comunidade com um grande efeito multiplicador de formação de empreendimentos. Os alunos também podem contar com sistemas como o Sebrae, que está fazendo uma seleção de PITs. Outra ferramenta disponível em várias regiões do Paraná, e gratuitamente, é o Bom Negócio”. O escritório local do Programa oferece curso presencial aos empresários e a distância para todos os interessados (Outras informações no site www.uem.br, no link Bom Negócio Paraná).

Para atender a demanda em médio prazo, tanto o complexo da Incubadora e do Parque Tecnológico Maringá Tech estão se estruturando para dobrar a capacidade. Este último, inclusive, foi contemplado por edital da Finep Inovação e Pesquisa com cerca de R$ 2,9 milhões para sua implementação. Com o fortalecimento da interação entre a universidade, o governo e a sociedade, da cultura empreendedora, do apoio de sistemas como Incubadora, Parque Tecnológico, Sebrae, o professor acredita na mudança da realidade e do desenvolvimento regional.

De aluno a empresário

Exemplos de iniciativas de sucesso originadas durante cursos de graduação

O surgimento de empresas criadas por estudantes de graduação tem apresentado um crescimento contínuo dentro das universidades ao redor do mundo. Na UEM, não é diferente. Algumas nascem por iniciativa dos alunos, outras por meio de concurso de startup e há, ainda, aquelas que tiveram um impulso a partir de apoio de professores. Para os que contam com a orientação e a mentoria de docentes, o processo empreendedor é mais eficaz e rápido. É o caso dos sócios da empresa Conex, uma das vencedoras do concurso de startup realizado, em 2013, dentro da I Feira de Inovação Tecnológica de Maringá (Feitech) e que funciona na Incubadora de Maringá há pouco mais de um ano. Os novos empresários trabalham com desenvolvimento mobile, com soluções voltadas para tablets, celulares, smartphones. Ainda durante a graduação, eles apresentaram a ideia de um software ao professor Rafael Germano, que validou e apoiou a iniciativa e apresentou sugestões, repassando sua experiência em grandes empresas e mercado.

Salestool – Para Fernando Panice e Guilherme Sanchez, sócios da Conex, o apoio do professor foi um diferencial que facilitou e agilizou o processo desde a concepção da ideia até a criação do produto e a decisão de formação da empresa. Embora não tenham cursado a disciplina de empreendedorismo, ressaltam que a grade nova do curso ficou melhor. “Há mais matérias voltadas para o fomento, inovação, empreendedorismo, mas ainda tem um gap muito grande entre você sair da faculdade profissional e você sair da faculdade empreendedor, empresário. A gente é formado muito mais para ser profissional, para ser funcionário de uma empresa. A gente não tem cabeça de dono de empresa durante a faculdade. Acredito que, com o currículo novo, vai sanar um pouco e, talvez, mostrar mais oportunidade para quem está na faculdade. Acho que falta um pouco de fomento dentro dos cursos. Muitas pessoas vêm nos procurar que têm idéia legal e quer criar empresas e não sabem por onde começar. Nesse aspecto a incubadora ajuda bastante”.

Graduados em Engenharia de Produção no início deste ano, tiveram o lampejo do produto, denominado Salestool, ao perceberem a dificuldade de algumas empresas durante sua participação na empresa júnior do curso. Eles se aliaram a dois profissionais da área de informática (Maicon Pazin e Renato Peterman) e criaram um aplicativo dirigido para vendedores externos de empresas. O software agrega o banco de dados dos clientes e o portfólio dos produtos com informações atualizadas e sincronizadas com o software que a empresa usa. Ele permite o registro do pedido de venda e seleção da forma de pagamento diretamente no tablet ou smartphone; e as informações são enviadas automaticamente para a empresa que providencia o envio dos produtos selecionados.

Panice e Sanchez enfatizam que a principal vantagem de seu produto é usar a plataforma mobile e permitir a mobilidade para quem está usando o software. “Você pode acessar todos os dados disponíveis no seu sistema no celular, no tablet”. Explicam também que o aplicativo passa por melhorias e atualizações constantes e pode ser personalizado de acordo com as necessidades do cliente. “Além disso, ele é intuitivo, nem precisa de manual”. Atualmente, em sua carteira de clientes estão fábricas de móveis, distribuidoras de bebidas e de alimentos, confecção, cosméticos, medicamentos. Embora ainda estejam iniciando na atividade, os empresários já estão tendo retorno financeiro. E planejam a contratação de estagiários das áreas comercial e de produção. A próxima meta é trabalhar como fábrica mobile de Maringá. Os sócios detectaram a necessidade de se criar aplicativo personalizado que permita a mobilidade e pretendem usar sua estrutura como uma fábrica.

Gourmet S.A. – Outro exemplo bem sucedido de alunos alçando vôos como empresários é o dos sócios da Consultoria 3 C, Carlos Alberto Hespanhol e Fernando Castella. Quando ainda no curso de Administração, detectaram a necessidade de um software para gerenciamento financeiro para construtoras. Esse foi o produto de entrada no mercado e na Incubadora Tecnológica, como empresa pré-incubada, em 2004. Hoje, já incubada, oferece o software Gourmet S.A., desenvolvido em 2011. Hespanhol explica que o aplicativo apresenta diferenciais em relação aos concorrentes. Além de ter uma interface mais simples e limpa, portanto mais intuitivo e fácil de usar, une as tecnologias de desenvolvimento de web, desktop e mobile.

O software informatiza e integra todos os setores do estabelecimento, desde delivery on line, pedidos dos clientes ao garçom no estabelecimento, envio da solicitação para a cozinha e para impressora, integração com o caixa, enquanto que a maioria dos concorrentes faz apenas uma parte dessas operações. Mas se o cliente não precisar do sistema operacional completo, pode solicitar somente o que necessita. Outra grande vantagem, segundo Hespanhol, é o preço diferenciado. A cobrança é feita por meio de Licença de Uso e Licença Mensal. A personalização é outra possibilidade adicional. “Diferente de outras empresas, a gente dá total liberdade para fazerem sugestões e solicitações de melhoria e a gente não cobra para isso. A personalização é feita de acordo com cada cliente, cada ramo”.

Hespanhol comenta que a empresa vem crescendo e se destacando no cenário nacional; inclusive, foi citada em matéria da Folha de São Paulo em julho deste ano, durante a Expo Pizzaria. São eventos como esse que trazem visibilidade maior ao produto e impulsionam o negócio. Durante sua realização e após seu término, muitos contratos são firmados. Atualmente, a 3 C tem cerca de 200 clientes com o segundo software e 150 com o primeiro e possui três estudantes contratados. A meta é ampliar o número de adesão, assim como implantar melhorias ao aplicativo. Nos tempos atuais, sem contar a divisão de lucros no final do ano, o pró-labore é de cerca de 2,5 vezes o piso salarial de um administrador para cada sócio.

O empresário lembra que a disciplina de Empreendedorismo no último ano do curso foi fundamental para criação do projeto e da empresa. Ele defende que todos os cursos de graduação a tenham em seu currículo. Justifica a indicação apontando que, no Brasil, geralmente, os empreendedores estão na ponta, ou seja, ou são os mais novos ou os mais experientes. “A ponta para fomentar empreendedores tem que ser no começo mesmo, já na graduação”. O acesso à Incubadora Tecnológica também foi fundamental na sua história. Ela, além de oferecer espaço, local, logística acessível a empresas, também dá visibilidade e permite participação em editais de órgãos de fomento. Hespanhol acrescenta que “a Incubadora te força a pensar no negócio de tempos em tempos, ao responder questionários e ao atualizar o plano de negócio. E isso auxilia bastante”.

Fonte: http://www.asc.uem.br/index.php?option=com_content&view=article&id=19925:oportunidades-empreendedorismo-na-prtica-negcios-criados-por-estudantes&catid=986:pgina-central&Itemid=211

De: Jornalismo UEM